sábado, 24 de dezembro de 2022

Urgência

Apesar de parecer que somos eternos - afinal, tudo o que temos conhecimento é a vida - o existir. Não sabemos como é a morte ou como é o estado imediato de antes de vir a esse mundo. 

Tudo o que temos e o que somos é o que conhecemos. 

Mas quando você se depara com a morte de alguém amado, é como se nesse exato instante, um relógio desse corda. Você começa a ouvir um tic-tac incessante. 

Durante o dia, o trabalho e a rotina acabam jogando uma neblina e por alguns minutos o relógio parece não mais existir. 

Cai a noite, depois de uma jornada de 10 horas de trabalho, sem ter feito o que você realmente ama, o relógio grita, um som ensurdecedor. Parece que ele girou pelo menos umas 1000 x em um curto espaço de tempo. 

Tic tac. 

O tempo passa, os não-dias se aproximam. 

Quando você sente o gosto amargo da morte, a realidade se torna mais palpável, mais densa. Não há como ser quem você era antes. É um caminho sem volta. 

Viver passa a se tornar uma urgência. Sinto uma urgência em viver, em conhecer, em viajar, em amar. 

Deitar à relva de uma noite estrelada, sentindo cada canto do meu corpo respirar e inspirar. 

Ser una com a terra. 

Urgência em viver. Temos tão pouco tempo.