Tudo o que temos e o que somos é o que conhecemos.
Mas quando você se depara com a morte de alguém amado, é como se nesse exato instante, um relógio desse corda. Você começa a ouvir um tic-tac incessante.
Durante o dia, o trabalho e a rotina acabam jogando uma neblina e por alguns minutos o relógio parece não mais existir.
Cai a noite, depois de uma jornada de 10 horas de trabalho, sem ter feito o que você realmente ama, o relógio grita, um som ensurdecedor. Parece que ele girou pelo menos umas 1000 x em um curto espaço de tempo.
Tic tac.
O tempo passa, os não-dias se aproximam.
Quando você sente o gosto amargo da morte, a realidade se torna mais palpável, mais densa. Não há como ser quem você era antes. É um caminho sem volta.
Viver passa a se tornar uma urgência. Sinto uma urgência em viver, em conhecer, em viajar, em amar.
Deitar à relva de uma noite estrelada, sentindo cada canto do meu corpo respirar e inspirar.
Ser una com a terra.
Urgência em viver. Temos tão pouco tempo.