quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que fica?

A vida é uma série de acontecimentos marcantes. Geralmente, os momentos que mais mudam nossa maneira de pensar vêm com a idade.
Quando somos crianças queremos ter tudo o que o mundo pode oferecer:
- Pai, compra esse brinquedo pra mim? Compra, pai! Pai, me leva no parquinho? Por favor, papai!
Uma época gostosa. Sem preocupações. (A não ser que picolé que minha mamãe vai trazer pra mim hoje. Espero que seja o de chocolate com pedacinhos de biscoito. hmmm).

Quando somos adolescentes, queremos muita liberdade. Além disso, nós queremos mudar o mundo! Protestar! Vencer! Derrubar os opressores! Derrubar o derrubadores de árvores! Encarcerar os destruidores de vida! Queremos mudar! Tanto sentimento aflorando...
- Eu vou ser médico. Quero ajudar aos necessitados. Quero curar os feridos. Quero ir à África e acabar com desnutrição. A cura da AIDS? Certamente descobrirei. Assim como a do câncer.
- Serei advogado, certamente. A justiça é meu lema e os oprimidos estarão sob minha proteção. Chega de tanto erro no mundo! Procurarei pela verdade enquanto respirar. E de mim ela não se esconderá.
- Serei artista. O mundo precisa ver cores para se animar. O mundo precisa de entretenimento! O mundo precisa usar a cabeça e pensar. O mundo precisa do meu talento artístico, sei que precisa! E hei de oferecê-lo incansavelmente.

Quando somos adultos... O mundo virou normal. Os dias são... Os dias são os mesmos. Iguais. Cansativos. Tediantes. Insuportavelmente monótonos e agitados. Os carros, a gritaria, a fumaça, a correria, meu deus, tire-me desta loucura! Os sonhos se esvaem pelo escapamento do carro.
- Mudar o mundo...? Ah, meu filho. Eu já quis. Mas não dá, sabe? Um dia você vai descobrir isso...
* Papai, não destrua meus sonhos! *
- Mudar o mundo, filho? hehe, vá em frente. Mas não se canse muito. Ah, desligue esse computador e abaixe o volume dessa música. Minha cabeça dói.
- Nem acredito que saí mais cedo desse inferno de trabalho. Não aguento aquelas pessoas. Barulhentas! Não me deixam em paz. Que confortável é minha casa. Filho, agora não. Vou deixar meu cérebro aqui na mesinha para ver televisão. Vá dormir.

Quando somos idosos... Bom, sobre essa bela fase da vida eu não tenho muita ideia do que dizer. Mas é o fim da vida, não é?! A morte vem vindo... Calma, rasteira, mansa... "E de repente, não mais que de repente", a pele esfria. Os olhos esbugalhados assim ficam. O coração, já tão cansada, vai parando... Parando. E para. O cérebro para. Tudo para. O mundo vai embora. Tudo acaba.

A nossa vida vira uma bela lembrança na mente de alguns queridos companheiros de jornada. Mas estes também se vão. E as lembranças também se vão. E o que fica?

O que fica?